segunda-feira, 20 de abril de 2015

Más Companhias (The Chumscrubber): o retrato de um mundo neurôtico

"Não finja ser outra pessoa. Se fizer isso por muito tempo, 
vai esquecer que está fingindo, e os outros também."



Más Companhias (The Chumscrubber. EUA, 2005), é uma crítica contundente da sociedade americana no formato de teen movie.
Tem muita coisa hoje no cinema e na TV americana em que o cenário da história é o subúrbio. Beleza Americana, Desperate Housewifes,.... Nessa onda de auto-retratação com suposta crítica aparece Más Companhias, dirigido por Arie Posin com roteiro de Zac Stanford, que não passou nem pelos nossos cinemas e demorou dois anos para chegar em DVD com título duvidoso em português.

O filme mostra uma série de acontecimentos na vida de algumas famílias que tem o adolescente Dean (Jamie Bell, aquele mesmo guri que dança ballet em Billy Elliot) como eixo central do que se poderia chamar de uma esquizofrenia coletiva. Dean vem de uma família onde o pai é autor de livros de auto-ajuda, a mãe vendedora de algum tipo de Herbalife em pílulas e um irmão esquizóide viciado em videogames. Uma casa onde todos falam, poucos escutam e ninguém entende nada. Começa quando o melhor amigo de Dean se mata, acontece que a figura era o principal distribuidor de "comprimidos da felicidade" para todo o high school. A fissura é tanta que um grupo de 3 adolescentes tenta sequestrar o irmão mais novo de Dean (Charlie), suspeitando que, como melhor amigo, o protagonista deve ter ficado com as drogas. O problema é que pegam o Charlie errado e então começa uma maratona de coincidências, desencontros, ameaças que vão do prefeito da cidade até desenhos de golfinhos que viram obra de arte quando Dean tenta ajudar Charlie, um garoto que nem conhece.
A grande sacada do filme, que pode passar batido por aqui é que o título em inglês se refere à um programa de televisão que é assistido por Dean e por Charlie. Chumscrubber é um garoto que teve sua cabeça decepada e voltou da morte para acertar as contas com quem foi o culpado, ou seja, o subúrbio. Durante todo o filme, Dean vê o amigo morto em vários segmentos, como se estivesse se sentindo culpado por não ter notado nenhuma pista do que estaria para acontecer e se sentisse impotente para ver o amigo morto e contar para qualquer pessoa. Charlie por sua vez, está sufocado com a separação dos pais, a mãe megalomaníaca que não percebe seu sequestro e suas aulas de tuba. Os dois se encontram, um quer ajudar e o outro precisa de ajuda.
O filme conta ainda com a presença de grandes figuras do cinema hollywoodiano, como Ralph Finnes (o Lord Voldemort dos cinemas), que interpreta um prefeito malucão que após uma pancada na cabeça começa a desenhar golfinhos e eleva os bichos à uma proporção áurea do equilíbrio. Outra grande presença é Glenn Close (a Cruela de 101 dalmatas :P ), que dá vida à mãe do adolescente suicida.
Com roteiro tão irônico que a certo ponto faria qualquer um sentar e simplesmente rir, tamanha é a loucura de seus personagens e situações fora do comum. Mas que nada, quem disse que isso não acontece na vida real, afinal estamos falando da vida In Suburbia.

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